A vinda da Manuela Castro Neves
No
dia 24 de maio de 2016 tivemos de novo uma escritora espectacular, a Manuela
Castro Neves.
Veio-
nos apresentar o seu livro: “ O pato amarelo e o gato riscado.”
Falou
sobre a inspiração dos livros “ O pato amarelo e o gato riscado.” A inspiração
para este livro foi: a Manuela foi ver uma exposição e viu um pato amarelo num
quadro. Foi para casa, abriu a janela da cozinha e viu um gato riscado a partir
daí começou a inventar a história.
A
inspiração para “ Um Elefante diferente que espantava toda a gente”, foi: a
Manuela teve um sonho quando ainda era professora. Sonhou que ia a sair do seu
prédio e quando descia as escadas descia sempre agarrada ao corrimão, naquele
sonho o corrimão não estava lá. A Manuela não conseguiu descer as escadas e
começou a gritar a chamar os vizinhos. Mas eles não estavam em casa. Apareceu
um macaquinho a puxar uma coisa comprida e uma voz disse-lhe para ela se
agarrar àquilo. Ele assim fez. O macaco segurava na ponta e ela ao chegar ao
fim viu que do outro lado estava um elefante debaixo da figueira. O corrimão
era a tromba do elefante. A Manuela inspirou-se nesse sonho.
O
elefante diferente foi o primeiro livro a ser escrito e editado para crianças.
Gostamos
muito da visita da Manuela.
Beijinhos Manuela!
A Manuela connosco |
Painel geral sobre o projeto desenvolvido com a Manuela (a correspondência e trabalhos sobre O pato amarelo e o gato riscado) |
Pormenores da dos trabalhos sobre O Pato Amarelo e o gato Riscado |
A chegada do livros |
O Minhoco e a Minhoca
Minhoca
Laroca
andava à
coca
de ervas tenrinhas para se alimentar,
de águas
fresquinhas para se banhar
e de um
namorado para namorar.
Procurava na
horta, no meio do feijão,
dentro do
nabal,
mas, da sua
busca, saía-se mal.
Via
gafanhotos,
achava-os
marotos.
Via os
machos das borboletas,
achava-os caretas.
Via o pulgão
e dizia:
— Ai não!
Via os «centopeios»,
achava-os
feios.
E de cada
jornada,
lá voltava ela
bem
desanimada.
— Isto assim
é uma trabalheira.
Não procuro
mais. Vou ficar solteira.
Porém, certa
manhã,
ao sair da
toca
O que é que viu a nossa Laroca?
Um« minhoco»
lindo
com modos de
artista
e…. foi logo
amor à primeira vista.
— Minhoca
Laroca,
dás-me uma
beijoca?
—Claro que
sim, meu querido «minhoco»,
Dou-te quatro ou cinco, pois só um é pouco.
E sem
esperarem, sequer um momento,
Logo
combinaram o seu casamento.
A linda Laroca
foi à procura de uma madrinha.
Com sorte, encontrou uma libelinha
e perguntou:
- Gostavas de ser a madrinha?
- Claro que sim minhoquinha.
O lindo minhoco
foi à procura de um padrinho.
Por sorte, encontrou um pulgãozinho
e perguntou:
- Queres ser o padrinho?
- Gostava muito amiguinho.
Uma semana depois
seria o casamento
mas o padre, que era o«formigo»,
sofreu um atropelamento.
Ora, o padre de tanto ter rezado,
num instantinho ficou curado.
Ao sair do hospital, gritou, cheio de
alento:
— Quero já fazer o tal casamento.
Foi tudo a correr para o laranjal
e aí se formou a parada nupcial.
A noiva levava véu de folha de
jacarandá.
O noivo, chapéu de noz do Pará.
Com um ramo de lírios muito bem
atados,
Formigo os benzeu. Ficaram casados.
Logo os aplaudiram 30 convidados.
Seguiu-se a boda, dentro duma horta.
O primeiro prato foi de ervilha-torta.
O segundo foi de alface francesa.
Tiveram peras esmagadas para
sobremesa.
Como bebida, sumo duma uva
bem misturadinho com gotas de chuva.
E toda a noite, beberam,
comeram,
dançaram,
brincaram.
Pela madrugada,
quando a horta estava já toda ratada
e, para comer, não havia nada,
cada convidado foi prá sua toca,
e para o hotel,
em lua-de-mel,
partiram, felizes,
Minhoco e Minhoca.
Passadas três semanas de tanto
carinho
de tanto beijinho
de tanta festinha,
nasceu uma minhoca
que, tal como a mãe ,
era muito laroca.
Logo depois lhe
mostraram o quintal
mas ficaram cheios de
medo
porque viram um pardal.
-Não se preocupem
eu não vos faço mal.
-disse o pardal.
-Ó pardal, já que és
nosso amigo
podes levar-nos ao
batizado?-
perguntou o minhoco
muito entusiasmado.
O pardal aceitou…
até que o dia chegou.
Pegou na família,
com muito cuidado
deixou-a em segurança
no local combinado.
Foi o “formigo” que a
baptizou
Debaixo de uma alface
Tudo se realizou.
Agora a família
regressou à toca…
E a Compridoca,
(era este o nome da bebé de Minhoco e
Laroca)
era bom de ver,
a grande velocidade, desatou a
crescer.
E em pouco tempo, sabia escavar.
Sabia rastejar.
Sabia caçar.
Sabia roer.
Porém não sabia nem ler, nem
escrever.
E disseram os pais, de cabeça ereta
e comoção na voz:
— Não queremos uma filha tão
analfabeta
como somos nós.
E acreditem, pois não é graçola,
foram logo em busca duma boa escola.
Furaram, espreitaram aqui e acolá
e diziam sempre:—-Esta escola é má!
Até que, tendo corrido meio Portugal,
chegaram ao Centro Escolar das
Árvores em Vila Real.
Viram uns meninos
grandes e pequeninos,
todos bem jeitosos,
muito habilidosos
de ar inteligente.
E, muito contente,
disse o pai para a mãe:
— Aqui a nossa filha fica muito bem.
O Minhoco e a Laroca
fizeram a matrícula.
Aprendeu tão rápido, a
Compridoca,
que ao 3º A depressa passou.
Foi recebida de braços abertos
e muitos amigos ganhou.
Ia todos os dias para a escola.
Às costas levava uma sacola.
A sacola fizera-lha a mãe,
com
folhas de oliveira,
e ficava-lhe muito bem.
A saia era de flor de jarro,
a blusa de violeta
e o sapato de tulipa preta.
A certa altura
ela encontrou
um menino que não sabia ler nem
escrever
e perguntou:
- Queres ser meu amigo?
- Quero. Posso estudar contigo? -
disse o Manuel
- Claro que sim Manuel! – disse
Compridoca
Daí em diante, ao fim do dia,
encontravam-se , debaixo da figueira.
Não pensem que era para a
brincadeira!
A Compridoca não se cansava de ler histórias
ao amigo.
Ele dizia-lhe constantemente:
- Gosto tanto de estar contigo!
Ela ajudava-o a escrever,
e a ler sobre o que ele dizia,
do seu dia a dia.
O Manuel evoluía.
A minhoquinha sorria.
E, ao fim do ano, o seu amigo já
lia
Foi tal a emoção
que a turma toda fez um festão.
E, acabado o festão,
disse o menino, então:
– Sentem-se todos no chão
com as pernas à chinês.
Para que a guardem na memória,
eu vou ler-vos uma história.
Não começa «era uma vez»
não é história dum judoca,
nem dum dentista sem broca
nem duma maçã bichoca,
nem de aranha sem pernoca
nem dum balde de pipoca.
É a história do Minhoco e da Laroca
E logo, logo começou:
« Minhoca Laroca
andava à coca
de ervas tenrinhas para se alimentar,
de águas fresquinhas para se banhar
e dum namorado para namorar»…
depois continuou
lendo, tim-tim por tim-tim,
tudo, tudo até ao fim.
Lia com tanta fluência e
tanta, tanta expressão,
que, na frente, a assistência
não calava a admiração.
E, enquanto o menino lia,
Compridoca o que fazia?
Isto até parece incrível!
Mas com seu corpo flexível
E de modo muito correto
modelava uma a uma
As letras do alfabeto
E quando chegou ao Z disse:
- Não posso mais. Estou cansada
E respondeu o Manuel,
em tom doce como o mel:
— Não tens de fazer mais nada
pois, meninas e meninos
maiores e mais pequeninos,
A história está …………
A história
está
A história
está……..Terminada!
Parabéns pela iniciativa. Venham mais no próximo ano letivo. Mais iniciativas como esta e... mais professoras como a professora Olga!
ResponderExcluir:O conheceram a Manuela de Castro Neves? Que sorte... Ainda se lembram da história "Cinco Pais Natais e tudo o mais"?
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